sábado, 2 de outubro de 2010

WALT WHITMAN



Breve análise do poema A Noiseless Patient Spider de Walt Whitman


A Noiseless patient Spider (1817) - Walt Whitman

I mark'd, where, on a little promontory, it stood, isolated;
Mark'd how, to explore the vacant, vast surrounding,
It launch'd forth filament, filament, filament, out of itself;
Ever unreeling them--ever tirelessly speeding them.
And you, O my Soul, where you stand,
Surrounded, surrounded, in measureless oceans of space,
Ceaselessly musing, venturing, throwing,--seeking the spheres, to
connect them;
Till the bridge you will need, be form'd--till the ductile anchor
hold;
Till the gossamer thread you fling, catch somewhere, O my Soul.


Uma aranha pequena, frágil e silenciosa, pacientemente trabalha, lançando de si filamentos, essa é a primeira imagem que vem a mente quando nos deparamos com A Noiseless Patient Spider de Walt Whitman (1817). É natural que o poeta, maior representante da poesia transcendental americana, privilegie nos seus versos a natureza e encontre nela semelhanças com a condição humana. Recorrer à imagética de A Noiseless Patient Spider representa um bom caminho para compreender a metáfora da aranha e suas relações com a alma do eu - lírico. Nesta breve análise, recorreremos primordialmente às imagens que se depreendem do poema e por meio delas procuraremos entender a mensagem central presente nos versos.
A aranha é observada na sua lida, encontra-se isolada num pequeno promontório, sem ligação nenhuma com o que está a sua volta, o enorme oceano a cerca (I mark'd, where, on a little promontory, it stood, isolated;). Pequena e frágil tem como único meio para explorar a vasta região vazia os filamentos que saem de dentro de si (Mark'd how, to explore the vacant, vast surrounding,/ It launch'd forth filament, filament, filament, out of itself;). Ela executa o trabalho incansavelmente, buscando sempre conexões, explorando o desconhecido (Ever unreeling them--ever tirelessly speeding them.).
Na segunda metade do poema, o eu-lírico declara a semelhança da aranha com a sua alma: isolada, cercada por um vazio oceânico, como se tivesse sido rejeitada (And you, O my Soul, where you stand,/ Surrounded, surrounded, in measureless oceans of space,). As referências ao “nada”, aos “imensuráveis oceanos de espaço” provavelmente representam a dúvida do eu - lírico em relação ao sentido da vida. O que haveria em torno de sua existência além do vazio?
A aranha, completamente só, trabalha no promontório, o eu – lírico, solitário, não encontra fora de si mesmo algo firme para apegar-se. No entanto, ambos trabalham diligentemente a procura de esferas para conectar-se (Ever unreeling them--ever tirelessly speeding them e Ceaselessly musing, venturing, throwing,--seeking the spheres, to connect them.) Se somente o vazio os cercam, qual seria o propósito do incansável trabalho? A impressão que se tem é que, tanto a aranha quanto a alma do poeta são incapazes de aceitar o nada em torno de si; elas refutam a ideia do vazio universal e otimistas procuram conexões.
As últimas linhas do poema confirmam a esperança da alma em estabelecer vínculos, encontrar pessoas, lugares ou quaisquer outros itens que poderiam dar sentido a sua existência (Till the bridge you will need, be form'd--till the ductile anchor hold; Till the gossamer thread you fling, catch somewhere, O my Soul.). O instrumento que possui para esse intento é o mesmo da aranha, os “filamentos” interiores. A alma, por meio da subjetividade, das profundezas do “eu”, tenta encontrar algo em que possa apegar-se. O homem, para o trancedentalismo, guarda as respostas em sua luz interior, já que sua alma está, segundo esta filosofia, identificada com Deus.
Diante de tantas similaridades entre a aranha e alma do eu - lírico, podemos encontrar uma diferença. A aranha é silenciosa e tranqüila na sua obra. Entretanto, a imagem que temos da alma é de um ser apressado e ansioso, aventurando-se, lançando-se em busca de esferas, atirando as “fibras finas” de dentro de si na esperança de que se prendam em alguma parte (Ceaselessly musing, venturing, throwing,--seeking the spheres, to
connect them
e Till the gossamer thread you fling, catch somewhere, O my Soul.).
Uma mensagem importante pode ser inferida a partir dessa dessemelhança: por sua natureza, a aranha constrói teias na quietude; a alma humana, em contrapartida, é naturalmente inquieta e solícita. A ignorância da aranha em relação ao tempo e a vida tornam-na vagarosa, mas a alma do eu - lírico tem pressa, pois está consciente de sua efemeridade e da existência transitória que possui.
Walt whitman
A natureza, a despeito das pequenas diferenças, imita o homem. A união entre estes dois mundos, dentro do poema, materializa em linguagem as realidades transcendentais da poesia de Whitman, a crença na percepção individual, no poder do “eu” e a busca de respostas nas potencialidades humanas.
Zipporah Dias